Rio de Janeiro (RJ) – Com a participação de 40 velejadores, distribuídos em 28 barcos, começa neste sábado a disputa pelas vagas de cinco classes para a Olimpíada de Pequim, em agosto. As regatas oficiais têm início previsto para as 13 horas em raias no lado de fora da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. Os organizadores esperam ventos fracos, correnteza e ondas, condições semelhantes às que os atletas encontrarão em Qingdao, local da realização do torneio olímpico de vela.

A Seletiva Brasil de Vela, prevista para terminar no dia 15, indicará os representantes brasileiros nas classes Star, Finn, 470 (feminino) e RS:X (masculino e feminino). Já a classe Laser Standard terá uma eliminatória separada, de 22 a 29, também no Rio. Estão previstas 14 regatas (duas por dia), com um número mínimo de 11 – ou seja, a seletiva pode se prolongar até que o número mínimo de provas seja alcançado.

“Esta é uma decisão justa. Os melhores atletas numa competição tão longa irão representar, certamente, muito bem o Brasil”, comenta Ricardo Baggio, o Kadu, superintendente da Confederação Brasileira de Vela e Motor (CBVM).

Depois de reunião com os juízes, a organização resolveu nesta sexta-feira que todas as regatas serão disputadas fora da Baía de Guanabara, não havendo possibilidade de transferir a raia para a área interna, mesmo que tenha condições melhores de vento. O número de regatas também foi limitado a duas por dia.

A programação deste sábado é a seguinte: das 9 às 11 horas – medição dos barcos e pesagem dos tripulantes da classe Star; 10 horas – cerimônia de abertura da competição; e 13 horas – largada da primeira regata.

Com exceção do 470 feminino e da RS:X masculino, em que surgem Fernanda Oliveira/Isabel Swan e Ricardo Winicki, o Bimba, como favoritos, a expectativa é de equilíbrio nas outras classes. Nem mesmo os campeões mundiais de Star, Robert Scheidt e Bruno Prada esperam vida fácil. “No Campeonato do 7º Distrito, disputado em janeiro, aqui no Rio, ficou claro que não teremos facilidade. Além de nós, brigam pela vaga as duplas do Lars Grael, Alan Adler, Alessandro Pascolatto, Gastão Brun, Peter Ficker e John King. Precisaremos de muita atenção”, afirma Robert Scheidt, bicampeão olímpico e octacampeão mundial de Laser.

Por causa de dores nas costas de Bruno Prada, Robert resolveu não participar da regata-treino. “O importante é se concentrar nas regatas que contam pontos e ter consciência de que o torneio será bem longo e cansativo”, lembra o atleta.

Vaga na mão - Apenas 12 barcos velejaram nesta sexta-feira fazendo os últimos ajustes, com destaque para Fernanda Oliveira e Isabel Swan, do 470. Até às 16 horas desta sexta-feira, elas eram as únicas inscritas na classe. Se ninguém mais confirmar participação, elas devem carimbar ainda neste sábado a vaga olímpica. “Fizemos uma campanha consistente, que, de certa forma, desestimulou as adversárias”, admite Fernanda, que ao lado de Isabel, garantiu a vaga do Brasil em Pequim, depois do quarto lugar no Mundial da China em 2007.

Quem velejou com disposição também foi o bicampeão olímpico de Star Marcelo Ferreira, na classe Finn. “Não posso perder nenhuma oportunidade de competir. Depois de 20 anos como proeiro, estou sentindo o gosto de novo de timonear”, observa. “Tenho me dedicado muito a este difícil desafio.”

Duas classes já têm representantes definidos para o torneio de vela de Qingdao, que fica a 900 quilômetros de Pequim: 49er - André Fonseca e Rodrigo Duarte, classificados no Campeonato Mundial de Sorrento, e 470 - Fabio Pillar e Samuel Albrecht, garantidos no Mundial de Port Phillips, ambos na Austrália em janeiro.

André Fonseca e Rodrigo Duarte, aliás, estão treinando na Baía de Guanabara, aproveitando a época de ventos mais fracos. “Estamos tranqüilos, com a vaga garantida, mas com muito trabalho pela frente”, comenta Fonseca, sexto colocado na Olimpíada de Atenas com Rodrigo. “Quero torcer pelos amigos e treinar bastante.”

A equipe brasileira ainda pode ganhar representantes no Tornado e no Laser Radial (feminino), dependendo da atuação dos velejadores nos respectivos Campeonatos Mundiais. Os dois serão realizados em Auckland, na Nova Zelândia – Tornado de 22 de fevereiro a 1 de março e Laser Radial de 13 a 20 de março. Bruno Di Bernardi e Mário Tinoco buscam uma das quatro vagas ainda abertas no Tornado, enquanto Adriana Kostiw tenta uma das últimas seis vagas no Laser Radial.

A Seletiva Brasil de Vela é organizada pela Confederação Brasileira de Vela e Motor (CBVM), Iate Clube do Rio de Janeiro e Brasil 1 Entretenimento. A competição tem patrocínio da VIVO, do Governo do Estado do Rio de Janeiro e de Kaiser Gold.

João Pedro Nunes (Mtb. 11.675)
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