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DEPOIS DE QUEBRA DO MASTRO, TRIPULAÇÃO DO BRASIL 1 MOSTRA HEROÍSMO E EFICIÊNCIA

18.01.2006  |    144 visualizações VELA

Velejadores mergulham na água gelada e montam mastro de emergência enquanto, em terra, equipe já prepara estratégia para reparos

São Paulo (SP) – O dia não começou bem para os velejadores do Brasil 1, com a quebra do mastro, mas terminou um pouco melhor. Enquanto os velejadores mostraram coragem, recuperaram todas as peças que foram ao mar e estão velejando com um mastro de emergência, em terra, os demais membros da equipe já montam a estratégia para receber o veleiro brasileiro na Austrália.

O incidente ocorreu às 4h30 da manhã (de Brasília), quando o veleiro brasileiro velejava a 20 nós, a cerca de 1200 milhas da costa australiana. Um dos cabos de sustentação do mastro se rompeu. Com a força das velas, o mastro foi para a água e acabou se rompendo em três partes.

Mesmo na água gelada dos mares do Sul, o catarinense André Fonseca mergulhou para recolher tudo o que era possível. “Nosso mergulhador nadou bastante e foi essencial para que arrumássemos a o barco. Recuperamos tudo: velas, mastro e todos os equipamentos que foram ao mar”, elogiou o comandante Torben Grael.

Depois, apesar do cansaço, toda a tripulação montou um mastro de emergência, com algumas partes do mastro quebrado. Em poucas horas, o Brasil 1 estava velejando novamente. “A velocidade não é das melhores, mas é o máximo que conseguimos na situação atual. O barco mexe bastante e se torna desconfortável. Todos estão cansados e desapontados, mas já pensando no futuro”, completa o comandante.

Enquanto isso, em terra, o trabalho também já é intenso para preparar toda a estratégia para reparar o veleiro. O mastro reserva já estava no aeroporto de Heathrow, em Londres. “Em vez de tentarmos adivinhar onde teríamos problemas, optamos por deixar o mastro reserva em um aeroporto com rápidas conexões para qualquer lugar do mundo”, explica Enio Ribeiro, um dos diretores do projeto.

O francês Herve le Quilliec, gerente de logística do Brasil 1 e chefe da equipe de terra, já tem uma pré-programação pronta. “Já está definido que o mastro chega à Austrália na próxima semana, mas ainda não temos a definição de onde faremos os reparos”, explicou. “A decisão do que fazer irá partir do barco, mas, atualmente, a opção mais forte é velejar até a costa oeste australiana, colocar o barco em um caminhão e fazer os reparos em Melbourne”, completou.

Ainda não está definido também se o Brasil 1 irá velejar até a ilha Eclipse, o segundo portão de pontuação dessa etapa, para coletar um ponto. Às 18 horas, o veleiro ainda estava com as velas içadas. “No momento, velejar até Eclipse levaria cerca de 12 dias e nosso plano é que o barco aporte em menos de uma semana. Por isso, Torben deve optar por ligar o motor em algum momento”, avisa Le Quilliec. “É muito cedo para fazermos uma previsão, mas estamos fazendo de tudo para chegar a tempo para regata local”, completa Enio Ribeiro, lembrando da prova do dia 4 de fevereiro. A largada para a terceira etapa será no dia 12.

Enquanto a equipe do Brasil 1 trabalhava, várias mensagens de apoio chegaram aos velejadores.

Luiz Fernando Furlan, Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: “O que quebrou foi o mastro, mas a fibra da qual vocês, Torben e equipe, são feitos, tenho certeza, permanecem intactas, prontas para superar as adversidades e continuar a representar tão bem como tem feito nosso país pelos portos de todo o mundo.”

Lars Grael, irmão do comandante Torben, medalhista olímpico e Secretário da Juventude, Esporte e Lazer do Estado de São Paulo: “A vida reserva-nos surpresas e nesta matéria posso opinar por própria experiência. Que o ocorrido sirva de desafio. Um desafio muito maior que vencer uma etapa. O desafio de provar a todo um Brasil, a tenacidade, garra, fibra e patriotismo de todos os membros desta exemplar tripulação”.

Robert Scheidt, bicampeão olímpico e porta-voz da Volvo Ocean Race no Brasil: “Como porta-voz da prova, eu deveria ser imparcial. Mas neste momento, é impossível não torcer por estes bravos velejadores! Por isso mesmo, aqui vai a minha mensagem para toda a equipe do Brasil 1: muita força e energia positiva para superar mais este momento difícil. Tenham a certeza de que em nossos corações vocês são os primeiros sempre!”

Paul Cayard, comandante do Piratas do Caribe, quarto colocado nesta etapa da Volvo Ocean Race: “Sinto por Torben e toda a sua tripulação. Esse é um grande baque para um time que está somando tanto a esta regata, trazendo pela primeira vez seu país a esse evento e mostrando tanta competitividade”.

O Brasil 1 é patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM, HSBC, Embraer, ThyssenKrupp, NIVEA Sun, Ágora Senior Corretora de Valores e Governo Brasileiro através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Ministério do Turismo e Ministério dos Esportes e apoio especial da Varig.
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