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BRASIL 1 DÁ AO PAÍS O PRIMEIRO PÓDIO NA VOLTA AO MUNDO

17.06.2006  |    2.020 visualizações VELA

Em sua estréia, equipe brasileira completa a Volvo Ocean Race em terceiro lugar, alcançando seu objetivo

Gotemburgo (Suécia) – “Foi uma aventura, uma verdadeira aventura de volta ao mundo. E terminou com sucesso”. Com essa frase, Torben Grael, o maior atleta olímpico brasileiro, resumiu, neste sábado, em Gotemburgo, na Suécia, a participação brasileira na Volvo Ocean Race. Projeto pioneiro no país, o Brasil 1 completou a Volvo Ocean Race 2005/2006 em terceiro lugar, conquistando 67 pontos em nove pernas, sete regatas locais e oito meses velejando por 12 diferentes cidades ao redor do planeta, num total de 57 mil quilômetros.

A flotilha foi recepcionada na Suécia por uma verdadeira multidão que se aglomerou nas encostas do rio Gota, que corta Gotemburgo e na marina de Lindholmskaje, próxima ao centro. Segundo os organizadores, cerca de nove mil barcos estavam no mar e no canal do rio Gota na chegada da última etapa, recorde absoluto desta edição.

“É um sonho realizado. Saio daqui com a sensação de dever cumprido por ter conquistado todas as metas que estabelecemos. O projeto Brasil 1 certamente vai ser um marco no nosso esporte. Ter participado de um projeto tão grande quanto a equipe brasileira na volta ao mundo e ter chegado ao final com um resultado tão expressivo só mostra o quanto fomos vitoriosos”, afirma o comandante.

Na última etapa, 500 milhas (925 km) entre Holanda e Suécia, o Brasil 1 ficou em terceiro lugar, atrás dos norte-americanos do Piratas do Caribe e do holandês ABN Amro 2. Foi o oitavo pódio do time na competição, o quarto consecutivo. Os brasileiros ainda tinham chance de terminar como vice-campões da Volvo, mas precisavam chegar quatro posições à frente dos norte-americanos. “O Piratas nos passou na esquina da Dinamarca. Dessa vez, o vento não soprou para o nosso lado”, lamenta o também bicampeão olímpico Marcelo Ferreira.

“Antes da costa da Dinamarca, os barcos se separaram, o que, basicamente, acabou com nossas chances de ser vice-campeões. Mas, na noite passada, estávamos muito perto do Piratas, mais ou menos a 100 metros, mas eles pegaram uma boa brisa e conseguiram velejar até o ABN 2 e ainda passaram, o que foi frustrante. Poderíamos ter segurado o Piratas e talvez até pegado o ABN 2, mas as condições estavam bem complicadas, com pouco vento, muita neblina. Era impossível velejar taticamente”, analisou o navegador Marcel van Triest, que completou sua quinta volta ao mundo.

Horacio Carabelli, uma das pessoas que mais tempo investiu no projeto, construindo o barco, coordenando a equipe de manutenção e ainda velejando na maioria das pernas, era um dos mais aliviados com o fim da prova. “Agora, tenho duas semanas de folga, para descansar. Acho que vai ser o maior tempo de descanso que eu vou ter nos últimos dois anos”, brinca. “Preciso de um tempo com a família antes de começar tudo de novo. Não estava nos planos estar na tripulação, mas valeu e eu faria tudo novamente. Você aprende muito com isso, é um barco que demanda muito, mas acho que a próxima geração vai ficar um pouco mais tranqüila”, completa.

Fechando sua segunda Volvo seguida no pódio, o neozelandês Stuart Wilson afirmou que o momento decisivo da prova aconteceu em Baltimore. “Quando conseguimos o segundo lugar em Baltimore, tudo mudou. Foi uma mudança de atitude. Tivemos uma série de problemas na segunda perna e e depois veio uma etapa horrível até o Brasil e a regata local, que foi desastrosa. Quando chegamos aos EUA, a moral estava no chão. O resultado de Baltimore levantou o astral e os resultados aconteceram. Desde lá, só não ficamos no pódio uma vez”.

Após oito meses, os velejadores deixam o Brasil 1 com uma série de boas memórias. “Todas as voltas são diferentes. Nesta, a maior, para todo mundo, foram os barcos, muito mais rápidos do que os anteriores. Para mim, especialmente, foi diferente trabalhar com brasileiros”, diz Marcel van Triest. “Velejar dentro de Nova York, além da vitória em minha casa, em Roterdã, também foi interessante”, completa Marcel. Torben concorda em parte. “Os melhores momentos dessa viagem, certamente, foram o Cabo Horn e a vitória em Roterdã”, diz.

Neste domingo, a equipe do Brasil 1 continuará a comemoração pelo resultado, pois no início da noite será feita a premiação da nona perna e da classificação geral, com o Brasil 1 em terceiro nas duas oportunidades.

A classificação final da Volvo Ocean Race fica assim: 1.- ABN Amro 1 (HOL), 96 pontos; 2.- Piratas do Caribe (EUA), 73; 3.- Brasil 1, 67; 4.- ABN Amro 2; 58,5; 5.- Ericsson, 55; 6.- movistar, 48; 7.- Brunel, 15,5.

O Brasil 1 é patrocinado por VIVO, Motorola, QUALCOMM, HSBC, Embraer, ThyssenKrupp, NIVEA Sun, Ágora Senior Corretora de Valores e Governo Brasileiro através da Apex (Agência de Promoção das Exportações do Brasil), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ministério do Turismo e Ministério dos Esportes e apoio especial da Varig.
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