São Paulo (SP) – As dificuldades esperadas por Robert Scheidt e Bruno Prada, os representantes brasileiros na classe Star na Olimpíada da China, se concretizaram nas raias da Baía de Fushan, em Qingdao, cidade portuária distante cerca de 600 quilômetros de Pequim. Eles tiveram de se superar para garantir a medalha de prata, uma conquista muito especial, numa reação espetacular. Por tudo isso, o vice-campeonato olímpico foi muito comemorado pela dupla.

Esta foi a quarta medalha em quatro Jogos Olímpicos de Robert Scheidt, que trocou a classe Laser pelo Star após a conquista do bicampeonato olímpico em Atenas, em 2004 (o outro ouro foi ganho em Atlanta, em 1996). Em Sydney, em 2000, ele ficou com a prata. Agora, Robert torna-se o primeiro brasileiro a conquistar quatro medalhas olímpicas consecutivas. Ele é, ao lado de Gustavo Borges, o segundo com maior número de medalhas. O maior vencedor é Torben Grael, com cinco pódios. Já o proeiro Bruno Prada estreou na competição e conseguiu a sua primeira medalha olímpica.

Os brasileiros entraram na regata da medalha com a terceira colocação na classificação geral e com o objetivo de defender o bronze. Largaram bem e, com chuva, ondas altas e ventos de sudeste de até 16 nós, contornaram as primeiras bóias na liderança. Na penúltima caíram para quinto, mas terminaram em terceiro, garantindo pelo menos o bronze.

A sorte que faltou no início da competição, quando a dupla patinava em oitavo lugar, por exemplo, no antepenúltimo dia, surgiu na regata decisiva. Os suecos Frederik Loof e Anders Ekstrom, que lideravam o torneio, terminaram a regata da medalha em décimo e último lugar por segundos de diferença atrás dos franceses Xavier Rohart e Pascal Rambeau, os nono colocados. Este resultado deu a prata para os brasileiros.

Os suecos totalizaram 53 pontos perdidos, a mesma pontuação de Robert e Bruno, que levaram a melhor no desempate (a atuação na regata da medalha). Os britânicos Iain Percy e Andrew Simpson ficaram com a medalha de ouro, com 45 pontos.

Medalha da superação - “Em virtude das circunstâncias, já estava feliz com o bronze. A prata, então, é ótimo. Foi a medalha da superação. Tivemos sorte de termos boas condições no último dia e, depois de um início tenso, com muita preocupação com os franceses, que eram a maior ameaça ao bronze, conseguimos uma regata excelente”, comentou Scheidt, emocionado. “Tenho de elogiar todo o trabalho do Bruno Prada nesta semana. Foi fundamental para o resultado.”

Campeão mundial de 2007 em Cascais, em Portugual, Robert tinha certeza que as dificuldades impostas pela raia e a participação de duplas de alto nível deixariam o torneio de Star muito equilibrado. E foi justamente isso o que aconteceu. Como exemplo, os poloneses Mateusz Kusznierewicz e Dominik Zucki, atuais campeões mundiais e líderes do ranking da Federação Internacional, ficaram em quarto lugar. “O segredo foi acreditar sempre e lutar até o fim. As coisas não estavam fáceis, mas terminaram tudo bem.”

Bruno Prada também comemorou muito a medalha conquistada em sua estréia olímpica. “A semana foi muito complicada, mas o objetivo era uma medalha. Nunca deixei de acreditar e por isso estou muito feliz”, disse. “O Robert é um velejador excepcional e faz muita diferença. Recebo o elogio dele como mais um sinal de nossa grande amizade. Enfrentamos ventos fracos e irregulares e isso prejudicou muito. O importante é tirar as lições de cada regata. E isso durante todo o campeonato.”

Depois de tantas dificuldades, Rober, Bruno, o técnico Walter Böeddener, o chefe de equipe Cláudio Bieckark e os dirigentes da Confederação Brasileira de Vôlei saíram para comemorar. “A gente merece. Foram três anos de muitos sacrifícios e dedicação”, disse Robert. “Agora, vamos descansar um pouco e pensar na vida.”

Robert fez história na Laser, classe em que conquistou três medalhas olímpicas, dez títulos mundiais, três pan-americanos e mais de 140 títulos. Implantou no Star o mesmo profissionalismo da Laser e subiu ao pódio nos últimos três Campeonatos Mundiais com Bruno: prata em São Francisco (EUA), em 2006; ouro em Cascais (Portugal), em 2007; e bronze em Miami (EUA), em 2008.

Com a medalha do Star, a vela brasileira volta a ser o esporte mais vencedor até agora na história das olimpíadas, com 16 medalhas ganhas: seis de ouro, três de prata e sete de bronze, uma medalha a mais do que o judô.

Em Qingdao, além da medalha de prata desta quinta, o Brasil ganhou bronze com Fernanda Oliveira e Isabel Swan no 470. Esta foi a primeira medalha feminina da história da vela brasileira.

Patrocinada por Banco do Brasil, Brasil Telecom, CNA Idiomas, Samsung e Prada, a dupla brasileira, sexta colocada no ranking de Star da Federação Internacional de Vela, disputou sete competições este ano. Eles venceram o 7º. Distrito de Star (Rio), a Seletiva Brasil de Vela (Rio) e o Campeonato do Hemisfério Oriental, em Split (Croácia); ficaram com o vice-campeonato da Semana de Kiel, na Alemanha; em terceiro lugar no Mundial de Miami (EUA); em quarto na Delta Lloyd Regatta (Holanda); e em sexto na Bacardi Cup (EUA.

Ficha técnica de Robert Scheidt

Data do nascimento - 15/4/1973
Local - São Paulo/SP
Altura - 1,88m
Peso - 79kg
Onde mora - São Paulo
Escolaridade – formado em Administração de Empresas (Mackenzie – São Paulo)
Como começou - aos 9 anos, velejando no Yacht Club Santo Amaro (YCSA)
Classes – Laser e Star
Pontos fortes - boa preparação física e habilidade para velejar em ventos fortes
Grandes momentos da carreira - bicampeonato olímpico em Atlanta/96 e Atenas/04
Grande sonho - continuar velejando
Música - Rolling Stones, U2, Charlie Brown Jr., Capital Inicial, Marcelo D2
Hobbies - mountain bike e tênis
Prato preferido - comida japonesa e massas
Lazer - adoro ir ao cinema e curto algumas festas
Lugar para descansar - minha casa em Ilhabela

Ficha técnica de Bruno Prada

Data do nascimento: 31/07/1971
Local: São Paulo/SP
Altura: 1,87 m
Peso: 101 kg
Onde mora: São Paulo
Escolaridade: formado em Administração de Empresas (Unip – São Paulo)
Como começou: Escolinha do Yacht Clube Paulista - 1979
Pontos fortes: Superação e dedicação
Grandes momentos da carreira: medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, em 1999, na classe Finn; primeira vitória, em 1980, na classe Optimist; ter ganho uma regata no Mundial de Finn 2004 e conquistado o título do Mundial de Star de 2007, em Portugal
Grande sonho: Continuar competindo por muito tempo
Música: Linking Park
Hobbies: Ciclismo e natação
Prato preferido: Japonês
Lazer: Ficar com meus dois filhos Giovanna e Ricardo
Lugar para descansar: minha casa em Ilhabela

Mais informação no site www.robertscheidt.com.br

João Pedro Nunes – Mtb 11.675
E-mail: zdl@zdl.com.br