Capa

Beto Pandiani retorna ao Brasil nesta quinta após finalizar Travessia do Pacífico

02.12.2008  |    247 visualizações VELA

A inédita aventura, com 17.400 quilômetros a bordo de um barco sem cabine, foi concluída no dia 21. Agora o velejador termina livro e lança novo DVD e exposição de fotos

São Paulo (SP)- Beto Pandiani chega ao Brasil nesta quinta-feira para dar seqüência às atividades ligadas à Travessia do Pacífico. Concluída no dia 21 de novembro, em Bundaberg, na Austrália, a aventura fez o velejador e seu parceiro Igor Bely se tornarem as primeiras pessoas a viajar entre a América e a Oceania a bordo de um catamarã sem cabine, num total de 17.400 quilômetros.

O explorador ajudará na produção do segundo DVD da viagem, que contará todas as aventuras vividas pela dupla entre Mangareva, na Polinésia Francesa, e Bundaberg. Pandiani também finalizará o livro O mar é minha terra e fará uma exposição de fotos sobre a travessia, ao lado da fotógrafa Maristela Colucci. Igor Bely, por sua vez, seguiu da Austrália para a França para retomar seu curso de Engenharia.

No total, Beto e Igor passaram 71 dias no mar, a bordo do Bye Bye Brasil, um catamarã de apenas 7,6 metros. Como o barco não possuía cabine, os velejadores dormiram em barracas, que eram constantemente invadidas pelas águas do Pacífico Sul. Durante este período, a dupla se alimentou de frutas compradas nas escalas da viagem e de 210 pacotes de comida liofilizada, além de consumir 420 litros de água.

“Passamos umas 700 horas dentro das nossas barracas e umas 1.700 horas no barco, em contato puro com a natureza. Não sabemos se é muito ou não. Talvez no futuro isso possa parecer apenas um flash nas nossas lembranças”, disse Pandiani.

O cenário desta aventura foi a beleza natural do Oceano Pacífico Sul. Inúmeras espécies de peixes acompanharam os velejadores durante toda a expedição, enquanto baleias e golfinhos fizeram companhia em alguns momentos da viagem. A dupla ainda fez escalas em alguns lugares paradisíacos, como Ilha de Páscoa, Polinésia Francesa e Taiti.

“O que vivemos neste imenso Oceano Pacífico nos dá um saldo muito positivo, pois é imensurável o valor que esta experiência nos traz. Foi algo único, que precisava vivenciar. A vida moderna nos faz esquecer das nossas reais qualidades e, junto da natureza, tive a oportunidade de rever muitas atitudes que se desviaram dos verdadeiros propósitos da minha existência”, contou Pandiani.

A viagem também trouxe uma série de desafios para Beto e Igor. Os exploradores enfrentaram nove dias de tempestade em alto mar, que causaram nove quebras na caixa de leme e duas trincas na barra transversal. Os problemas fizeram a dupla interromper a travessia por duas vezes.

“As quebras foram várias e graves. Foram centenas as decisões que tivemos que tomar. A sensação é que andávamos na corda bamba e que, se cometêssemos um erro, perderíamos tudo aquilo que lutamos para conseguir. Esta foi uma pressão enorme que sofremos, mas que faz parte desse tipo de viagem”, comentou Pandiani.

Um desafio do tamanho do Oceano Pacífico

A Travessia do Pacífico foi iniciada em outubro do ano passado e teve a primeira etapa entre Viña Del Mar, no Chile, e Mangareva, na Polinésia Francesa, com uma única parada na Ilha de Páscoa, depois de 7 mil quilômetros velejados em 31 dias.

A expedição foi interrompida por três meses, esperando o término da temporada de furacões na região. Aproveitando a pausa, a dupla de velejadores lançou no final de março o primeiro DVD da expedição e retornou para a Polinésia em abril, recomeçando a aventura com destino a Austrália.

Depois de passar por Fakarava, Taiti, Morea, Ilhas Cook e Tonga, Beto e Igor seguiram para a Nova Caledônia, última escala da Travessia antes da chegada à Austrália. Na metade do caminho, porém, enfrentaram ventos fortes e tiveram problemas com o catamarã. Pararam em Vanuatu, a cerca de mil milhas da Austrália, para arrumar o barco e esperar a melhora das condições do tempo.

Beto Pandiani aproveitou a pausa de três meses para adiantar alguns projetos ligados à Travessia, como a edição do segundo DVD sobre a expedição e a preparação de um livro com as imagens da viagem.

O velejador também se dedicou a algumas palestras para empresários, coordenou uma exposição na Adventure Sports Fair - feira de esportes de aventura que ocorreu em São Paulo -, e lançou, junto com a fotógrafa Maristela Colucci, uma exposição de fotos da primeira etapa da travessia.

Com o barco consertado, Beto e Igor retornaram ao mar no início de novembro. Com ventos fracos e bastante sol, a dupla passou pela Nova Caledônia, onde permaneceu por cinco dias, antes de concluir as últimas 700 milhas da viagem.

A Travessia do Pacífico tem o patrocínio máster de Semp Toshiba, com patrocínio de Mitsubishi Motors, Fnac, Yahoo! Brasil, Ferrari Stamoid, Red Bull e Mantecorp. Os apoios são da Rede Accor Hospitality, Santaconstancia, North Sails, BL3, Reebok Sports Club, Yacht Club de Ilhabela, Osklen, Sigg, Barracuda, Holos e Arycom.

Para acompanhar todos os momentos da viagem, acesse o site oficial da Travessia do Pacífico: www.yahoo.com.br/travessia

Os velejadores

Beto Pandiani - brasileiro, 51 anos

Há 13 anos realiza expedições de alta performance pelos mais temidos mares do mundo. Foi o primeiro velejador a unir a Antártica ao Ártico a bordo de catamarãs em cabine.

Igor Bely - francês, 24 anos
Viveu 18 anos a bordo do veleiro dos pais. Com mais de 200 mil milhas (quase 400 mil km) navegadas, já fez mais de 20 expedições à Antártica e regiões polares.

João Pedro Nunes – Mtb 11.675
E-mail: zdl@zdl.com.br


Leia também...
14.01.2009

Aventura de Beto Pandiani e Igor Bely entre a América e a Oceania em um catamarã sem cabine será mostrada em cinco matérias no Domingo Espetacular

21.11.2008

Velejadores chegaram a Bundaberg, na Austrália, encerrando um total de 17.400 quilômetros da inédita viagem, percorrida num catamarã sem cabine de apenas 7,6 metros

17.11.2008

Velejadores pretender completar as 700 milhas entre a Nova Caledônia e a Austrália até o próximo dia 21

11.11.2008

Velejadores ficarão uma semana no arquipélago, antes de embarcarem para o último trecho da Travessia do Pacífico