À espera de uma Política Esportiva
22.07.2013
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IEE
TERCEIROSETOR
Artigo escrito pela ex-jogadora de vôlei Ana Moser
O dia 15 de Julho último marcou que falta exatamente um ano para a final da Copa do Mundo do Brasil. No dia 5 de agosto faltarão três anos para o início dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. O Brasil vive uma corrida contra o tempo e contra nossas carências estruturais para poder cumprir os dois contratos firmados com FIFA e COI. A esta altura, não é novidade para ninguém o vultoso investimento que o Brasil está fazendo para receber estes grandes eventos, seja com recursos financeiros, seja com o tempo que os gestores públicos - federais, estaduais e municipais - dedicam nas 12 cidades-sede.
O resultado desse investimento só poderá ser sentido com o tempo, se realmente o Brasil conseguirá avançar na classificação olímpica, ou o quanto estádios, ginásios e praças esportivas se mostrarão úteis para o esporte e para a população das cidades que receberão esses eventos. Acredito que teremos resultados para nosso esporte de elite em 2016, mas se avançaremos uma ou duas posições ou se estaremos dentre os dez primeiros colocados, teremos que esperar para ver.
São muitas dúvidas, muitos discursos e poucos planos para garantir que os investimentos que estão sendo feitos deixem um legado esportivo para além de 2016. Estudos internacionais, especialmente realizados na Austrália, Escócia e Inglaterra, demostram que, sem planejamento, os jogos passam e pouco fica em termos de ampliação da cultura esportiva nos países que receberam os eventos. Se no discurso soa imponente que o esporte irá se desenvolver e que a população irá se inspirar e praticar mais esporte, na prática, isso não aconteceu na maior parte dos países.
Investimento somente em infraestrutura e no treinamento do esporte de elite não irá aumentar o número de pessoas que praticam esporte e se beneficiam dele. Os estádios e instalações olímpicas não servem para o esporte das pessoas comuns, servem só para os atletas de elite e competições de alto nível. Por outro lado, um país que pratica esporte em larga escala gera mais e melhores atletas de elite.
O mundo vive uma epidemia de inatividade física, que gera bilhões de prejuízo a cada ano para os sistemas de saúde e para a produtividade. Se o foco dos governantes e da própria sociedade não estiver também nestes temas e, ao contrário, se concentrar somente no treinamento das equipes olímpicas, teremos somente as histórias das instalações que construímos e dos atletas que patrocinamos, contados às dezenas e centenas. Nem perto dos 200 milhões de brasileiros.
Até agora, nenhum governo, de nenhum nível, apresentou uma proposta de legado esportivo, e há dois anos os atletas esperam uma agenda com a Presidenta Dilma. Nenhum deles tomou esta bandeira como prioridade, nem rascunhou algum plano que garanta, minimamente, que o esporte seja acessível para todos os jovens em idade escolar e para a população em geral. As únicas iniciativas que estão acontecendo neste sentido são ações da sociedade civil, como o Programa Cidades da Copa / Cidades do Esporte realizado pelo Instituto Esporte & Educação e pelo Atletas pela Cidadania, com apoio do UNICEF e uma rede de ONGs (REMS). Estes parceiros estão indo a cada cidade-sede, mobilizando a comunidade esportiva e os dirigentes públicos, integrando as pastas do esporte com a educação, saúde e outras, em torno de uma visão única e construindo Planos de Ação para garantir que o esporte aconteça em todas as dimensões, para o maior número possível de pessoas.
O grande legado esportivo que se espera é uma Política Esportiva, assim mesmo, com letras maiúsculas. Não programas "oportunistas" que não se sustentam depois de 2016.
Ana Moser é presidente do Instituto Esporte e Educação (IEE) e do Atletas pela Cidadania. O IEE já atendeu 660 mil crianças e jovens de todo o Brasil nos últimos 12 anos, em atividades esportivas e sócio-educativas.
Sobre o IEE - O Instituto Esporte & Educação (IEE) foi criado em março de 2001, pela ex-atleta e medalhista olímpica Ana Moser, e atua no atendimento direto a crianças e adolescentes em atividades esportivas e socioeducativas, na formação de professores e estagiários e no desenvolvimento de uma metodologia de esporte educacional.Atualmente, o IEE coordena núcleos em regiões e comunidades que apresentam baixo nível socioeconômico, alto índice de vulnerabilidade e falta de estrutura, em parceria com cerca de 40 entidades privadas, pública e sociais.
Em 12 anos de atuação, o IEE atingiu, diretamente, 93 mil crianças e 567 mil outras, indiretamente, além de ter formado 21.200 professores. O IEE também realiza outros projetos, com destaque para a Caravana do Esporte, uma aliança com a ESPN/ Brasil e o Unicef, que dissemina um esporte possível e necessário para o desenvolvimento de municípios isolados do País. Dentre os parceiros privados do Instituto Esporte & Educação estão Vivo, Itaú, Instituto Votorantim, Banco Votorantim, Fábrica de Cidadania, BTG Pactual, Vale, Petrobrás, Monsanto, Mondeléz International, Takeda, Novelis, CCR, Instituto Pepsico, Voith, Banco Daycoval, Correcta e Sanofi.
Mais informações no site do IEE : www.esporteeducacao.com.br
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