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Jovens mostram garra, amor, fé e o futuro do atletismo na São Silvestrinha

27.12.2009  |    1.054 visualizações ATLETISMO

Competição reuniu neste domingo 1.500 inscritos, na pista sintética do Ibirapuera

São Paulo (SP) - A grande maioria dos participantes da 16ª São Silvestrinha, versão infanto-juvenil da tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, disputada neste domingo, na pista do Estádio Ícaro de Castro Mello no Conjunto Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, no Ibirapuera, mostrou apenas que estava lá para se divertir. Mesmo com alguns joelhos ralados e alguns cotovelos esfolados, causados por alguns tombos, o prazer de competir foi mais uma festa do que qualquer outro compromisso.

Uma pequena parcela dos inscritos, porém, ligada às faixas etárias mais altas, mostrou muita garra, amor, fé e a possibilidade de acreditar no futuro do atletismo. Os corredores de 14 e 15 anos, por exemplo, se esforçaram muito, comemoraram e muitos chegaram às lágrimas no pódio de premiação.

"Corri para ganhar o bicampeonato", disse Lourdes Fernanda Souza Dallazem, que veio de van da cidade de Brasnorte, no Mato Grosso, demorou três dias na estrada e passou o Natal numa cidade que não se lembra o nome. "A gente treina num campo de areia e eu quero me especializar nos 400 metros rasos", prosseguiu a menina, de 15 anos, que venceu a prova dos 600 metros, com o tempo de 1min37s00.

Fernanda, como é chamada, se ajoelhou ao vencer e ao ser premiada no pódio. "Agradeço muito a Deus, ao meu técnico, à minha cidade e aos meus familiares. Estou muito feliz e me sinto privilegiada por tudo que tenho recebido em minha vida."

Nos 400 metros rasos femininos, para 14 anos, o trio que subiu no pódio veio de mais longe ainda, da cidade de Tucumã, no Pará, treinadas pela ex-heptatleta Geremias Conceição, num projeto Social da Vale. Os atletas demoraram 13 horas para viajar de Tucumã a Campinas, onde chegaram no dia de Natal. As três choraram muito no pódio. Jaciara Felix Marques, a vencedora, quase não conseguiu falar. "Fui 15ª no ano passado e voltei para ser campeã", disse abraçada às amigas de treinamento Rosilane Cavalcante da Silva e Gleiciane dos Santos Macedo, todas de Tucumã.

Futuro nas pistas - Nos 15 anos masculino, Anderson Sabino dos Santos, de Apucarana, no Paraná, conquistou o tricampeonato da São Silvestrinha. "Estou feliz por mais uma vitória e triste por ser minha última participação", comentou o corredor de 200 e 400 metros, que ganhou a prova dos 600 metros. "Faço atletismo há três anos e meio e quero seguir carreira. Tenho uma boa estrutura na minha cidade, graças ao apoio da prefeitura de Apucarana."

Nos 14 anos masculino, Lucas Felipe Piveta comemorou a sua décima participação na São Silvestrinha, vencendo a prova dos 400 metros rasos. Atleta do Centro Social Urbano da cidade de Santa Bárbara d’Oeste, ele quer se despedir em 2010 da competição vencendo os 600 metros. "Venci até com facilidade. Sabia que estava na série mais forte e administrei a corrida", disse com a experiência de um veterano nas provas do Ibirapuera.

A competição deste domingo reuniu 1.500 inscritos de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e Pernambuco em 20 categorias - 10 masculinas e 10 femininas.

Entre os projetos de fora de São Paulo, destacou-se o Papa-Léguas, de Iconha, no Espírito Santo, equipe que veio para a São Silvestrinha com uma caravana de 40 pessoas, sendo 27 crianças. Rosilene Valiate Marinato, uma das voluntárias do projeto, elogiou a organização e demonstrou muita alegria em participar da grande festa que é a São Silvestrinha. "Este é o segundo ano que participamos do evento. A festa está linda e a organização de parabéns", declarou Rosilene.

"Treinamos três vezes por semana e isso foi muito importante para a nossa vinda na São Silvestrinha" afirmou Carolina. "Este é o primeiro ano que venho na corrida e antes da largada fiquei um pouco nervosa, até chorei, mas estou muito feliz por ter participado. O esporte nos ensina a respeitar mais as outras pessoas", disse Yasmin. Ambas são do projeto Papa-Léguas e correram 80m, distância designada para as crianças de 10 e 11 anos.

Com as arquibancadas cobertas lotadas do Estádio Ícaro de Castro Mello, dois corredores foram muito aplaudidos na categoria 7 anos. Eduardo e Wesley correram descalços e venceram suas baterias, com uma camiseta dos "Atletas de Cristo", da Igreja AD, de Itaim Paulista, no extremo da Zona Leste de São Paulo. "Eu ganhei?", perguntou Eduardo, antes mesmo de tirar o chip de cronometragem amarrado na canela. "Queria muito ter vencido a prova", continuou, referindo-se à corrida disputada na distância de 60 metros.

No Projeto da Companhia Vale, Conceição Geremias conta que não só as crianças participam. "O projeto é aberto a todos os familiares das crianças como o Estação Conhecimento, que tem cursos profissionalizantes voltados à comunidade como o de pedreiro, marcineiro, computação, agrícola e agro-pecuário", completou Conceição, medalha de ouro no heptatlo no Pan-Americano de Caracas, em 1983.

As crianças menores tiveram o apoio de quatro palhaços, liderados pelo Alegria, que acompanharam os dois cadeirantes e os últimos colocados de cada bateria num show de muito bom humor e interação com o público.

Masculino - 15 anos (600 metros)

1- Anderson Sabino dos Santos - 1min25s32
2- Luiz Paulo Felipe da Silva - 1min26s 45
3- Francisco Pedro da Silva - 1min33s65

Feminino - 15 anos (600 metros)


1- Lourdes Fernanda Souza Dallazem - 1min37s00
2- Andressa Moreira Fidelis - 1min43s00
3- Cristina Vanessa de Souza - 1min46s00

Masculino - 14 anos (400 metros)

1- Lucas Felipe Piveta - 56s89
2- Paulo Mateus de Moraes - 56s95
3- Matheus Leandro Rodrigues - 56s99

Feminino - 14 anos (400 metros)

1- Jaciara Felix Marques - 1min03s23
2- Rosilane Cavalcante da Silva - 1min03s44
3- Gleiciane dos Santos Macedo - 1min05s78

A competição reuniu crianças de 6 a 15 anos em diversas baterias, começando pelos menores e terminando com os maiores. "O objetivo da São Silvestrinha é despertar o interesse nas crianças para o esporte e especialmente para o atletismo. Elas têm a oportunidade de correr de chip, têm uma organização oficial, proporcionada pela Federação Paulista e cria um laço importante com os pais que vêm prestigiar", comentou Júlio Deodoro, diretor geral da prova e da São Silvestre e superintendente da Gazeta Esportiva.Net, que idealizou a competição.

A São Silvestrinha é uma realização da Gazeta Esportiva.Net, com organização técnica da Yescom. O patrocínio foi da CAIXA, com apoio de Montevérgine e Café 3 Corações e apoio especial do Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura do Município de São Paulo, através de suas respectivas Secretarias de Esportes. A supervisão é da Federação Paulista de Atletismo.

Mais informações no site www.saosilvestrinha.com.br

João Pedro Nunes - Mtb 11.675
E-mail zdl@zdl.com.br
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