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Danielle Scott, do Finasa, mostra força na Superliga

04.02.2008  |    156 visualizações VOLEI

Ágil, forte e alegre, meio-de-rede norte-americana garante experiência ao time paulista

Osasco (SP) - Quando a meio-de-rede Danielle Scott veio pela primeira vez ao Brasil para jogar vôlei, ainda nos anos 90, talvez não imaginasse que teria tanto sucesso no país do futebol. Como não bastassem as ótimas passagens defendendo equipes como o Leites Nestlé entre 1996 a 1998, BCN entre 1998 a 2000 e Macaé em 2006/2007, a jogadora norte-americana agora se destaca pelo Finasa na temporada 2007/2008. Ela está no time-base da equipe orientada pelo técnico Luizomar de Moura para o jogo de sexta-feira, às 20h30, contra o Brasil Telecom, em Osasco, pela primeira rodada do terceiro torneio da Superliga.

Além de reafirmar seu talento, foi no Brasil também que a atleta teve a oportunidade de conhecer o marido Eduardo Pezão – ex-jogador de vôlei da seleção brasileira e seu empresário. A união com o brasileiro, aliás, rendeu-lhe uma história inusitada que terminou no altar em 15 de julho de 2006, após um pedido de casamento dele ser aceito pela internet. Com isso, ela ganhou o sobrenome Arruda.

Depois de jogar também no Japão e na Itália, Danielle voltou ao Brasil em 2006, defendendo o time fluminense do Cimed/Macaé. Na oportunidade, a central esteve tão bem que marcou 333 pontos e terminou a Superliga como a terceira maior pontuadora – atrás apenas de Paula Pequeno (388) e Natália (372), ambas do Finasa.

Nascida em Baton Rouge, Lousiana, a jogadora, de 35 anos e 1,89m, teve como principais conquistas pela seleção dos Estados Unidos a medalha de prata no Pan-Americano de Mar del Plata, em 1995, e bronze no Pan-Americano de Winnipeg, em 1999. Ela participou das Olimpíadas de Atlanta (1996), Sydney (2000) e Atenas (2004). Formada em sociologia pela Long Beach State University, a norte-americana, curiosamente, mostrou desenvoltura ainda nas competições de atletismo e basquete.

Nesta entrevista, a jogadora que conquistou também o Grand Prix de 1995 e 2001 pela seleção dos EUA revela detalhes da carreira, do casamento com o brasileiro, do projeto social que pretende desenvolver, dos Jogos Olímpicos de Pequim, entre outros assuntos.

Como jogadora mais experiente da Superliga, como vê as chances do Finasa na competição?
Danielle
– Acho que temos tudo para fazer uma boa competição e sermos campeãs. Mas temos que dar um passo após o outro, não podemos jogar pensando apenas nas finais. A cada dia, o Finasa ganha mais ritmo e mais química entre as jogadoras. O grupo é muito bom, trabalha forte sem desviar o foco dos objetivos. Temos tudo nas mãos para fazermos um bom campeonato.

Você está no time desde dezembro. O que acha da equipe?
Danielle
– É um grupo legal de trabalhar. A equipe possui jogadoras boas que são jovens e experientes. A comissão técnica tem também muita qualidade. Aqui as atletas não pensam apenas em si mesmas. Todo mundo tenta ajudar a companheira e faz o melhor para quem está ao lado. Isso é difícil encontrar nos times que têm muitas estrelas.

Você se considera uma estrela do vôlei?
Danielle
– Quando conseguimos fazer uma boa carreira, as pessoas e a mídia tendem a nos colocar lá em cima. Mas acredito que num time não deve haver estrelas. É claro que pretendo manter a qualidade e ser vista como uma jogadora de alto nível, porém o mais importante é trazer resultados ao time.

O Finasa está com uma mescla de jogadoras experientes e mais novas. Como vê o potencial de atletas como Natália, Tandara, Adenízia, Andréia e Silvana?
Danielle
– Elas têm muito talento. Natália e Adenízia, por exemplo, estão ganhando mais experiência e irão ficar melhores ainda. Já a Andréia jogou fora do país, quando ela entra em quadra pode ajudar bastante porque mostra confiança e uma visão diferente de jogadas.

É fácil trabalhar com jogadoras mais jovens?
Danielle
– Não é fácil quando a atleta pensa que já sabe tudo, mas esse não é o estilo delas. Quando cometo uma falha, procuro ouvi-las também. Esse tipo de atitude traz maturidade às jogadoras novas e mantém o nível daquelas que já possuem experiência.

A alegria é uma das características de seu jogo. Como faz para estar sempre motivada?
Danielle
– Isso faz parte da minha personalidade, pois tento trabalhar 100% para Deus. Quando procuramos fazer o melhor, o resultado da dedicação não pode sair diferente.

Você quase sempre joga como meio-de-rede e ao mesmo tempo costuma marcar muitos pontos. Qual é o segredo?
Danielle
– Hoje em dia, as meios não recebem tantas bolas. Apesar disso, fico sempre pronta para atacar. Outros times como o Rexona trabalham mais lances pelo meio. Mas, a minha função principal é puxar as jogadas, atacar quando tiver oportunidade e abrir o jogo para as outras meninas da equipe.

Você tem muita agilidade. Há alguma preparação especial?
Danielle
– Sou abençoada por ter um físico privilegiado e aproveito para manter essa estrutura treinando. Conheço bem tanto o meu corpo quanto a força que posso tirar dele. Sou uma pessoa que não pára um segundo, até em casa quando sobra um tempinho faço ioga e alongamentos. A todo o momento procuro fazer algo a mais daquilo que é exercitado apenas com o grupo.

Quantos anos você já jogou no Brasil?
Danielle
– Esta é minha sexta Superliga. Minhas passagens pelos times brasileiros foram muito positivas. Agora, estou contente por voltar para casa. No Finasa guardo lembranças de vários momentos felizes que passei, quando era BCN. Já havia trabalhado com muita gente daqui e todos são como uma família.

O vôlei do Brasil é diferente do jogado em outros países?
Danielle
– O básico da modalidade é a mesmo em qualquer lugar do mundo. A forma de treinamento, porém, se diferencia um pouco. Para minha sorte, todos os técnicos que trabalhei gostavam de treinar. Então, para mim não mudou tanto. Gosto de jogar no Brasil porque as pessoas são acolhedoras e demonstram muito carinho. Em outros países isso também ocorre, mas não com tanta intensidade.

O fato de ser casada com um brasileiro ajudou na decisão de defender o Finasa?
Danielle
– Voltei para o Brasil na hora certa, pois já era o último momento para minha contratação. Quando consegui fechar o contrato com o Finasa, fiquei mais feliz ainda. Aqui em São Paulo, estou num ótimo time e próxima do meu marido.

Como você conheceu e se casou com um brasileiro?
Danielle
– Conheci o Pezão em 1999, num jogo no Pinheiros. Depois disso, perdemos contato por cinco anos até que a Virna, que jogava comigo na Itália, deu meu telefone a ele para nos falarmos novamente. Mas, na época, o Eduardo jogava na Suíça, e por isso ficamos longe um do outro. Já em outra ocasião, o Pezão foi à Itália como técnico para contratar uma jogadora. Lá, acabou me reencontrando e começamos a namorar. Para minha surpresa, ele me enviou um e-mail me pedindo em casamento. Ele pensou que eu não iria concordar, mas aceitei ali mesmo pela internet.

Você deve disputar a quarta Olimpíada da carreira em Pequim. Quais são as chances dos Estados Unidos?
Danielle
– As chances são positivas, mas vai depender da fase e da preparação do time. O momento precisa também ser levado em consideração, pois teremos de enfrentar seleções que estão no topo mundial. Temos de entrar focadas nos treinos e não entrar só pensando em medalhas. Em 1996 e 2004, por exemplo, tínhamos equipes fortes e com possibilidades de sermos campeãs, mas não deu certo. A seleção precisa entrar mais focada e pensar num set após o outro.

Quantos anos ainda quer jogar vôlei?
Danielle
– Quero jogar pelo menos mais uma Superliga. Estou gostando de jogar no Brasil, acima de tudo no Finasa. Claro que se conquistarmos o campeonato ficarei ainda mais motivada para buscar novos títulos pela equipe. Depois penso em começar a fazer minha família, pois já está ficando na hora de termos filho.

Já pensou no que fará após parar de jogar?
Danielle
– Tenho várias opções. Penso em ser professora nos Estados Unidos e também poder trabalhar como técnica de vôlei, basquete ou atletismo. Além disso, quero levar adiante meu projeto chamado Believer In You Foudation que irá ajudar as crianças e pessoas que necessitem de assistência social.

Como surgiu a idéia desse projeto?
Danielle
– Na maioria das vezes, as minhas idéias surgem de madrugada. Foi assim em relação ao meu casamento. Acordei pela manhã e disse à minha mãe que iria me casar no dia 15 de julho, e deu certo porque acreditava que esse dia seria bom. Da mesma maneira, surgiu o nome desse projeto que significa ‘Acredito em Você’. Há tempo penso nessa iniciativa, desde que poupei uma quantia recebida por ter sido a melhor bloqueadora em 2002. A Fundação começará, inicialmente, em Louisiana, mas pretendo expandi-la a outros lugares dos Estados Unidos e Brasil.

É verdade que você jogou basquete e fez atletismo antes do vôlei?
Danielle
– Sim, nunca parei um minuto. Minha mãe tinha de me levar a todos os lugares porque sempre competi. Depois que ganhei uma bolsa de estudos na Long Beach State University, entre 90 e 94, disputei salto em distância e corridas de 200 m rasos. Também me destacava bastante no basquete, mas, às vésperas de me formar, recebi uma convocação da seleção norte-americana de vôlei. Tive de escolher se iria para a seleção ou disputaria outra modalidade. Foi aí que optei pelo vôlei.

Você conhece o lado social do Programa Finasa Esportes? O que acha da iniciativa?
Danielle
– O Programa do Finasa é fundamental para a formação e o desenvolvimento de crianças. Em muitos lugares, encontramos muitas jovens sem apoio social e desorientadas na sociedade. No Programa, elas encontram uma forma de interagir com outras crianças e se desenvolvem em vários sentidos. O projeto não serve apenas para formar competidores, mas antes de tudo para promover a integração social de meninas que passam a descobrir outras maneiras e comportamentos saudáveis para viver.

Mais informações no site www.finasaesportes.com.br

Allan Bratfisch / João Pedro Nunes - Mtb. 11.675
E-mail: zdl@zdl.com.br
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