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CARLA MORENO É ESPERANÇA DE MEDALHA NO PAN-AMERICANO

03.07.2007  |    243 visualizações

Triatleta paulista garante estar bem preparada para a competição

São Paulo (SP) – A triatleta Carla Moreno é uma das esperanças brasileiras nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, que começa na próxima semana. Aos 30 anos e apenas 48 quilos distribuídos em 1,64m, Carla é um dos principais nomes do triatlo nacional na atualidade e será destaque do esporte na maior competição das Américas.

Com uma medalha de prata obtida no Pan de Winnipeg, em 1999, e um quarto lugar nos Jogos de Santo Domingo, em 2003, a paulista natural de São Carlos, no interior de São Paulo, levará toda a sua experiência para o evento do Rio, que reunirá os melhores esportistas do país.

Com 11 anos de carreira e pentacampeã brasileira, Carla Moreno, treinada por Marcos Paulo Reis e patrocinada pela Nike, mostra-se confiante por competir em casa, lembrando que a delegação brasileira não enfrentará problemas como viagens longas, fuso horário e adaptação à alimentação.

Única brasileira a vencer duas etapas do Circuito Mundial de Triatlo, Carla conta nesta entrevista a sua expectativa de disputar o terceiro Pan-Americano da carreira.

Quando você começou no esporte?
Carla - Pratiquei natação por 10 anos por causa de problemas respiratórios. Quando criança, tinha asma e bronquite. Depois comecei a correr e a praticar triatlo aos 19 anos. Minha primeira competição foi a Internacional de Santos. De lá para cá não parei mais. Meu sonho era ir para uma Olimpíada e consegui realizar esse sonho na Austrália, em 2000.

O que te levou a praticar esporte?
Carla - Era nadadora e morava em Dourado, uma cidadezinha próxima a São Carlos no Interior de São Paulo. Lá tinham algumas brincadeiras de rua que todo mundo participava e o mais interessante era uma corrida. A minha mãe ia participar e fui brincar com ela dizendo que ela era muito velha para disputar a prova. E ela me disse para ir no lugar dela, pois como nadadora tinha bom preparo físico. Mesmo contra a vontade do meu técnico participei da corrida e fui bem. Aí descobri que tinha talento também para correr e comecei a disputar provas de biatlo (corrida + natação).

E quando foi sua estréia no triatlo?
Carla – Fiz minha estréia no dia 4 de fevereiro de 96. Foi a primeira vez que pedalei na minha vida. Fiquei em quarto lugar na categoria 17 a 19 anos e dez meses depois me tornei profissional e não parei mais.

Nesta época, você tinha algum ídolo?
Carla - A Fernanda Keller é uma pessoa pioneira no triatlo, estava sempre em evidência naquela época. Fui vendo reportagens dela e de outros triatletas e comecei a me espelhar neles. Meu sonho era ser a melhor do meu país.

Quem foi a pessoa que te descobriu para o esporte?
Carla - Acredito que não foi só uma pessoa que me revelou. Graças a esse empurrão da minha mãe para corrida e, é claro, o meu antigo técnico que me treinava na natação. Hoje ele é técnico de triatlo e tem revelado outros talentos também. O Núbio (Almeida, organizador do Troféu Brasil) também foi uma pessoa importante no início da minha carreira.

Qual a vitória mais marcante de sua carreira?
Carla - Fui muito bem nos Circuitos Mundiais de 2002, 2003 e 2004. Fiz seis pódios, com dois primeiros, dois segundos e dois terceiros lugares. Até hoje nenhuma brasileira ganhou uma etapa da copa do mundo, feito que só eu tenho. Sou pentacampeã do Troféu Brasil e estou buscando o hexa. Gosto muito de competir no meu país. Tenho de dar valor às provas daqui
para que o esporte cresça.

Quais sonhos o esporte já te ajudou a concretizar?
Carla - Tudo que fiz, a cada derrota ou vitória, é válido. A derrota serviu para um dia ganhar. Cada prova tem um gostinho especial, tem um motivo especial, um objetivo diferente. Dou valor a cada prova, a cada dia que venço.

Qual seu esquema de treinamento até o Pan?
Carla - Treino com o Marcos Paulo Reis. Treino em Santos, a maior parte do tempo, onde moro e às vezes em São Bernardo. Gosto também de treinar na serra de Campos do Jordão e em São José dos Campos, cidade da família do meu marido. Às terças-feiras, às cinco horas da manhã, treino na USP, em São Paulo, com um grupo de ciclistas e triatletas. Resumindo, faço natação diariamente à tarde em Santos; de quarta e de quinta treino ciclismo com o Fred Monteiro, o meu treino principal de corrida acontece na quarta e na quinta faço o ciclismo longo. Terça-feira treino forte em São Paulo e de sábado faço serra de Campos do Jordão. Dá uma média diária de 6 horas. Tudo isso com foco no Pan. No segundo semestre, vou pensar no Circuito Mundial para buscar uma vaga para a Olimpíada de Pequim.

Quais as chances do triatlo brasileiro no Pan?
Carla - É um sonho ter uma olimpíada em nosso país e ter o Pan-Americano no Rio já é um bom começo. Sobre o triatlo, não dá pra prever nada, não tem favorito. Tem que ter humildade, treinar muito e contar com muita sorte no dia da prova, porque um pneu furado, uma queda no ciclismo, enfim, pequenos detalhes fazem a diferença na hora de subir ao pódio. O que vale é muita garra, muita determinação. Vou estar lá pra fazer muita força e fazer a melhor prova da minha vida. Subir ao pódio é conseqüência. A prova será realizada no mesmo percurso do circuito mundial, desde 2000. Fiz esse percurso em 2000, quando fiquei em terceiro, e em 2003 fui campeã, na minha primeira vitória de uma etapa do Circuito Mundial. O percurso é bastante rápido e tem a minha característica de prova. Espero fazer uma prova maravilhosa, com a torcida me incentivando, o que ajuda muito.

Na sua opinião, o Brasil bate recorde de medalhas no Pan do Rio?
Carla - Sem dúvida, este é o Pan que o Brasil tem mais chances de trazer medalhas, pois nossos atletas estarão em casa, contarão com o apoio da torcida. Alguns fatores nos favorecem e farão diferença: não ter fuso horário, não ter viagem, você já está na sua casa. Não tem de se adaptar ao local da prova, tomar cuidado com alimentação e outros detalhes.

Pelo visto você conta muito com o apoio da torcida brasileira?
Carla – Quem fizer a medalha de ouro no Pan do Rio tem vaga garantida para Pequim. Por isso, o evento torna-se ainda mais importante. Quero que muita gente prestigie nossa prova. Nossa prova será no dia 15 de julho e teremos três brasileiras fazendo o máximo para levar o nome do Brasil para o lugar mais alto do pódio.

O seu primeiro Pan foi um marco na carreira?
Carla - O meu primeiro Pan, em Winnipeg, foi inesquecível. Ganhei medalha de prata e garanti a vaga para a Olimpíada de Sydney. Em Santo Domingo, fiquei em quarto lugar. Mesmo assim gostei da vila e da cidade.

Quais foram as suas vitórias mais marcantes?
Carla – Duas vitórias foram mais especiais e me marcaram muito. A medalha de Winnipeg e a vitória em 2003 na etapa do Circuito Mundial do Rio.

O que o esporte tem proporcionado a você de especial?
Carla – Fui nadadora durante anos e não consegui chegar à sonhada olimpíada. Este sonho concretizei com o triatlo que me proporcionou viagens interessantes. Conheci culturas diferentes, muita gente legal. O esporte também me proporcionou outros benefícios, como ficar longe de vícios, e me ensinou a ter hábitos alimentares corretos, ter horas de sono e cuidar do corpo.

Quais são seus outros sonhos?
Carla - Ainda quero uma boa colocação nos Jogos Olímpicos. Fui a duas olimpíadas e pretendo estar na minha terceira ou até em uma quarta. Quero competir enquanto estiver ganhando, em condições de disputar a ponta. Acredito que não tem uma idade pra se parar.

Qual é o seu livro preferido?
Carla - Gosto de poesias, livros de romance e comédia. O último livro que li foi Transformando Suor em Ouro, do Bernardinho. É um livro que engrandece, porque ele fala das experiências que já teve. Acho que todos os atletas deveriam ler.

O que você gosta de fazer nas horas vagas?
Carla - Gosto de coisas que me deixam para cima e filmes que não sejam de terror e suspense. Dependendo da hora, prefiro ouvir músicas de MPB, que são mais calmas. Sou uma pessoa que gosta muito do silêncio.

Fale um pouco do Brasil e da sua vida?
Carla - Adoro o Brasil. Sou casada com Sanderson Palma, que é auxiliar do meu técnico Marcos Paulo Reis. O meu marido me ajuda bastante na parte de preparação física, me acompanha em boa parte do treinamento. Acredito em Deus e acho que tenho que lutar para conseguir alcançar o que está reservado para a minha vida. Ele só vai me proporciona oportunidades e tento agarrar todas possíveis. Faço o meu melhor sempre.

Qual o país que foi inesquecível para você?
Carla – A Austrália. Um pouco antes da Olimpíada fui sete vezes. Gosto da cultura, da forma organizada onde você tem muita segurança, coisa que infelizmente aqui no Brasil é um pouco difícil.

Outras fotos para download no endereço http://www.zdl.com.br/galeria.asp?id=355

Mais informações no site blog.nikecorre.com

Guto Francischini (Mtb: 45.553)
E-mal: guto@zdl.com.br
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