CARLOS MOYÁ TENTA 4º TÍTULO NO ANO
13.08.2004
| 27 visualizações
Em 2004, ele foi campeão em Roma, Acapulco e Chennai
Integrante da tradicional escola espanhola de tênis, Carlos Moyá, que completa 28 anos no próximo dia 27 de agosto, é um dos mais vencedores atletas em atividade no circuito mundial. Natural de Palma de Mallorca, Moyá reside em Genebra, na Suíça, acumula 17 títulos de simples e já ganhou quase US$ 11 milhões em prêmios. Em 2004, ele foi campeão em Roma, Acapulco e Chennai.
Qual seu grande objetivo em 2004?
Carlos Moyá - Até agora, este tem sido um ano excelente. É uma pena que eu tenha sofrido uma lesão no tornozelo, que me fez abandonar o Aberto da Austrália. Meu objetivo é participar da Masters Cup pela quinta vez. E, claro, chegar à decisão da Copa Davis, um sonho que pode se tornar realidade.
Você tem preferência por algum tipo de piso?
Carlos Moyá - Acho que já demonstrei que posso jogar bem em todos os terrenos, mas o meu favorito é o saibro. Durante o ano, temos que nos esforçar, começando com Monte Carlo, Roma, Hamburgo e Paris, além do torneio de Barcelona. Sem falar em Roland Garros... Tenho apenas 27 anos, estou em forma e acho que ainda posso ser melhor e voltar a ser campeão no Aberto da França.
É mais difícil para um atleta consagrado como você ganhar um Grand Slam?
Carlos Moyá - Está claro que nos primeiros circuitos do Grand Slam não podemos nos descuidar, pois qualquer jogador pode nos vencer. Isso que é bom no tênis, tudo pode ser muito nivelado, e também pode trazer muitas surpresas, embora na Masters Cup cheguem sempre os mesmos jogadores.
O que mudou no tênis nesses 10 anos que você está no circuito?
Carlos Moyá - Há mais potencial, mais jogadores. Sempre disse que para se manter nos primeiros lugares do ranking temos de melhorar a cada dia. E é exatamente o que eu faço. A cada ano melhoro 1% para me manter na mesma posição. Está claro que o tênis está mudando atualmente, embora haja alguns jogadores que se mantêm no topo junto com jogadores mais novos.
Sua fonte de motivação e suas prioridades mudaram?
Carlos Moyá - Vejo as coisas de maneira diferente agora, mas, sinceramente, estou aproveitando mais do que quando tinha 20 anos. Agora eu sei o que quero, sei quão difícil é, e também estou ciente do tempo que falta para minha aposentadoria, apesar de esperar que ainda tenha alguns anos até lá. Isso não é nada perto do que era quando eu tinha 20 anos, tempo em que tudo parecia estar tão longe. Provavelmente tive o melhor momento da minha carreira, e agora pretendo aproveitar muito mais meu tempo na quadra. Isso se refletirá nos resultados.
Qual a melhor coisa de ser Carlos Moyá?
Carlos Moyá - Acima de tudo a possibilidade de competir e ganhar, e o sentimento de estar em um estádio repleto, onde as pessoas ecoam seu nome em coro quando você está ganhando. Essa é a melhor sensação que um jogador de tênis pode ter.
E o que você mais detesta?
Carlos Moyá - Viajar, principalmente de avião, e dos aeroportos. O pior é estar longe de sua família, de seu país, de onde você nasceu e cresceu. Isso é realmente a pior coisa neste esporte.
O que dá mais satisfação a você: ganhar títulos ou alcançar a posição número 1 dos rankings?
Carlos Moyá - É difícil escolher entre uma coisa e outra. Dá para ser campeão do Grand Slam se você tiver sorte durante duas semanas, se sentir inspirado e tudo correr bem. Já ser o número 1 significa muito trabalho e é o resultado de 52 semanas de desempenho. Acho que isso é bem mais difícil agora e não tem havido muitos números 1 desde que o conceito de ranking foi estabelecido. Acho que é bem mais difícil agora porque essa posição tem mais reconhecimento.
É importante para você seu estilo de jogo?
Carlos Moyá - É como eu cresci, e a maneira como sou se reflete na quadra. Sou calmo, mas às vezes perco o controle. É óbvio que, em algumas ocasiões, você fica nervoso e então começa a perder o jogo, pois deixa de lutar. Isso geralmente não acontece comigo por causa de meu caráter.
Como você imagina que o público te vê jogando?
Carlos Moyá - Imagino que eles me vejam como um jogador poderoso, que bate duro na bola e que vai ganhar o ponto por seu próprio jogo, em vez de ficar esperando o erro adversário. Minhas armas favoritas são meu serviço e meu forehand. É isso o que as pessoas vão ver.
Qual a importância da velocidade no tênis?
Carlos Moyá - Muita. O tênis é um esporte de explosão. Você deve saber como se mover, caso contrário, terá de bater com força na bola para que o seu adversário se mova em vez de você. Mas as coisas mais importantes são a velocidade e a antecipação. Esses são fatores muito importantes no tênis.
A velocidade na quadra é algo que se pode adquirir?
Carlos Moyá - Acho que é algo que se pode melhorar, mas também acho que há vários exercícios que podem ajudar a melhorar a velocidade rapidamente. Mas é surpreendente ver que muitos jogadores parecem ser rápidos e não são. O que eles têm é uma boa antecipação e velocidade. A combinação de velocidade e antecipação é o melhor para o tênis, e isso pode ser aperfeiçoado.
Qual a importância de se usar o melhor e mais confortável equipamento (tênis, roupa e raquete)?
Carlos Moyá - A coisa mais importante para um jogador de tênis, sem dúvida, são os calçados, que é onde há uma diferença significante. Gosto de jogar usando uma camiseta sem mangas, pois acho mais confortável.
Como você faz para relaxar?
Carlos Moyá - Gosto de jogar videogame com meus amigos, deitar na cama e assistir à TV, filmes, tudo isso me ajuda a relaxar. Gosto de fazer outras atividades que não tenham relação com o jogo de tênis.
Como você equilibra sua vida com os outros compromissos?
Carlos Moyá - Gosto de fazer coisas diferentes, não penso em tênis o dia todo. Para contrabalançar é preciso fazer outras atividades. Assistir TV e ficar com minha família são coisas me fazem desconectar do tênis, para o qual dedico até duas horas por dia. O restante do tempo fico em casa. Para mim, este é o equilíbrio perfeito.
Por que o tênis espanhol está indo tão bem? É importante que haja outros espanhóis no circuito?
Carlos Moyá - Está claro para mim que nós nos motivamos uns aos outros e isso me ajuda a melhorar como jogador. Isso também impulsiona a querer mais, pois se seu amigo está conquistando alguma coisa, você também pode. Eu acredito que um dos segredos do sucesso do tênis espanhol é ter muitos jogadores que ajudam uns aos outros a se motivar.
Você já se surpreendeu com a própria velocidade?
Carlos Moyá - Às vezes, na disputa de um ponto longo, você não tem forças e está longe da bola, mas tira forças do nada. Sem perceber, a velocidade dobra, e quando isso acontece sinto muita adrenalina, uma forte emoção.
O que você fez para ficar tão rápido?
Carlos Moyá - Sou rápido por causa da minha altura e do meu peso e porque tenho uma boa antecipação. Desde criança eu era um dos mais rápidos. Costumava apostar corrida com garotos mais novos e eu geralmente vencia. Então, percebi que podia tirar vantagem dessa qualidade.
Qual a melhor coisa em ser veloz?
Carlos Moyá - É que no tênis tudo é decidido em milésimos de segundos e você precisa ser rápido para alcançar logo a bola, para bater nela, para alcançar todos os tipos de bolas. Mas quando se está jogando contra um jogador rápido, você fica impaciente e também comete muitos erros.
E no dia-a-dia, existe alguma coisa que você gosta de fazer com rapidez? Dirigir ou comer, por exemplo?
Carlos Moyá - Gosto de dirigir e de comer rapidamente. Sou sempre o primeiro a terminar as refeições à mesa.