SANDRA SOLDAN ESTÁ PRONTA PARA NOVA SURPRESA EM ATENAS
05.08.2004
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TERCEIROSETOR
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Sandra com a tocha olímpica
Sergio du Bocage
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A triatleta com o marido-técnico Neném
Sergio du Bocage
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Sandra foi 11ª em Sydney/2000
Divulgação
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Beijo na tocha olímpica
Sergio du Bocage
Ela foi a melhor sul-americana em Sydney/2000
São Paulo - Ela adora comer kibe e esfiha, se pudesse almoçaria um bom sanduba e, nos poucos intervalos que tem na rotina estafante, pratica pizzabol e cinemabol. Poderíamos estar falando de uma cidadã comum, de cidade grande, sem preocupações estéticas ou com a saúde. Mas, ao contrário disso, trata-se de Sandra Soldan, melhor triatleta sul-americana na Olimpíada de Sydney (2000), que está com apenas 8% de percentual de gordura e esbanjando bom-humor, confiante na conquista de outro bom resultado nos Jogos de Atenas.
O 11º lugar obtido na última Olimpíada, com o tempo de 2h03m19s, foi o principal resultado da carreira desta triatleta carioca, radicada em Niterói. Integrante da Equipe Pão de Açúcar e patrocinada pela Brasil Telecom e pela Reebok, Sandra é uma das principais triatletas do mundo, ocupando o 18º lugar no ranking mundial. Entre as adversárias, é tida como um dos melhores pedais do mundo e costuma ser marcada durante as provas. Como em Atenas a prova será cheia de aclives e declives, a confiança, contida, fica demonstrada no sorriso franco e no brilho dos olhos verdes quando fala de suas expectativas para a segunda Olimpíada da carreira. Se eu estiver no meu dia e conseguir sair bem da natação..., comenta. Para o técnico e marido, Carlos Eugênio, o Neném, nem mesmo a fama de distraída que a acompanha vai atrapalhar. Sandra é atleta de grandes provas. Pode acreditar nisso, garante.
Das adversárias, ela fala pouco. As americanas são excelentes nadadoras, mas tem, também, as inglesas, as canadenses e as brasileiras. Acho que são umas 15 candidatas ao título, arrisca. Para Neném, as chances são boas. Já estudamos o percurso e a etapa do ciclismo será muito importante. Ganhar em terreno plano é uma coisa. O resultado tem de ser mostrado numa prova difícil como a de Atenas. E eu aposto na Sandra, reafirma.
A CARREIRA
A vida esportiva de Sandra Soldan começou aos seis anos, como nadadora do Flamengo. Durante 15 anos defendeu as cores do rubro-negro do Rio, especializando-se nas provas de 400m medley, 800m livre e 200m peito. Nadei provas importantes, mas nunca fui recordista nacional, recorda.
Um dia, já sem objetivos na natação, recebeu uma indicação que viria modificar a vida. Na verdade, como se autodefine uma viciada em esporte, Sandra Soldan já se arriscava em outras áreas, correndo e nadando, praticando biathlon, esporte que lhe rendeu um tricampeonato estadual. Mas foi ao conhecer Carlos Eugênio, em 1995, que o triatlo entrou em seu dia-a-dia.
No meu primeiro dia, fui ao autódromo de Jacarepaguá para um treino e pedalei três quilômetros. À noite, estava exausta, recorda. O cansaço, porém, não a desestimulou. Já cursando faculdade de Medicina, Sandra tratou de economizar comendo muito kibe e esfiha na faculdade, até comprar a primeira bicicleta. Custou 400 dólares, lembra orgulhosa. Já naquele ano, estreou nas provas em distâncias olímpicas, chegando em 16º lugar na categoria 20/24 anos no Campeonato Mundial em Cleveland.
A partir dali começava uma carreira de conquistas. Em agosto de 97, venceu o Triathlon do Exército, prova de nível nacional com a presença das principais triatletas do país; em outubro, conquistou o primeiro título sul-americano. Hoje, seu histórico reúne os seguintes títulos: bicampeã brasileira (1998 e 2000); bicampeã sul-americana (1997/98); primeira brasileira a vencer o Triathlon Internacional de Santos (2003) e o Mundial de Fast Triathlon, no qual é bicampeã (2001/04); primeira brasileira a ter um título mundial reconhecido pela ITU (International Triathlon Union) o do Campeonato Mundial de Aquathlon, em 2002. O coroamento veio em Sydney, com o melhor resultado obtido por um atleta sul-americano na prova de triatlo entre os homens, o melhor sul-americano foi o brasileiro Leandro Macedo, 14º lugar. Cada prova tem uma história e um significado. Mas, sem dúvida, a Olimpíada, mesmo sem um título, é a mais marcante, pois completa um sonho, comenta.
O DIA-A-DIA
Participar da prova em Sydney foi o momento mais marcante da vida da triatleta Sandra Soldan. No lado pessoal, o mesmo pode ser dito sobre o casamento com o técnico Carlos Eugênio. O Neném me pediu para namorar após uma sessão de cinema, um namorado da antiga, bem romântico. Não tinha como recusar, confessa sorrindo. Para ela, a vida de casada traz benefícios para a atleta, que já tinha o apoio dos pais quando decidiu deixar a Medicina de lado para se dedicar ao triatlo. Sou formada, mas ainda falta fazer a especialização, o que está nos meus planos futuros, garante. E o apoio da família, nas minhas decisões, sempre foi fundamental para o meu bem-estar. Hoje me sinto bem preparada, inclusive no aspecto psicológico, afirma.
O fato de ser marido não tira de Neném o caráter de treinador. Não tem moleza e sabemos distinguir muito bem a função de um do papel do outro, diz ele. Com orgulho, fala que Sandra Soldan evoluiu muito no ciclismo e que também é uma das melhores na natação. Na corrida ela está se aprimorando dia após dia e, nesse progresso, acredito que ela possa fazer os 10 km em 36 minutos, o que é um bom tempo, revela. Nestes últimos dias antes da viagem, Sandra fazia treinos de quatro a cinco horas por dia, em Niterói, incluindo musculação, 4 km de natação, 60 a 80 km de ciclismo e 12 a 15 km de corrida, cinco vezes por semana.
Se existe um assunto que incomoda a dupla são as insinuações de que Sandra Soldan é distraída. Ela tenta fugir do assunto, acha graça de determinadas situações, mas prefere deixar as histórias com Neném. Tem horas que eu não acredito no que vejo, diverte-se o treinador-marido. Uma vez, em Macaé, a Sandra caiu na água e nadou para o lado contrário. Só percebeu quando deu de cara com o pelotão, de frente para ela, lá no meio do mar. Eu, na areia, não podia fazer nada, só esperar até ela perceber a confusão, conta. Mas era uma prova de aquathlon, nunca a vi cometer deslizes sérios em provas de alto nível. Reconheço que ela já teve uma série de imprevistos, mas isso pode acontecer com qualquer triatleta, defende.
O que pouca gente sabe é que Sandra Soldan tem um coração que bate devagar. Aqui, conversando, nosso batimento gira em torno de 60 bpm. O da Sandra fica em 38 bpm. Em repouso, ele parece que vai parar, é incrível. Mas parar não é um verbo usado por Sandra Soldan. Nos planos estão a participação nos Jogos Abertos de Santa Catarina e as provas da Copa do Mundo, ainda este ano. No futuro, o Pan de 2007 e a Olimpíada de 2008, na China. Ainda tenho muito chão pela frente. E nada melhor do que uma xícara de café antes das provas para me deixar esperta e pronta para brigar pelos meus objetivos, encerra.
Sandra Soldan representará o triatlo brasileiro em Atenas juntamente com Leandro Macedo (Pão de Açúcar), Juraci Moreira (Pão de Açúcar/Brasil Telecom), Paulo Miyasiro (Pão de Açúcar/Unimonte), Carla Moreno (Pão de Açúcar/Nike/Unimonte) e Mariana Ohata (Pão de Açúcar/Brasil Telecom).
BÔNUS
Além da briga por medalha, eles concorrem ao Bônus Pódio Pão de Açúcar, que premiará os atletas que obtiverem um lugar no pódio. A medalha de ouro garantirá o prêmio de R$ 200 mil, enquanto a prata valerá R$ 100 mil e o bronze, R$ 70 mil. Também estão na disputa o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima e o meio-fundista Hudson de Souza (1.500 metros), ambos da Equipe Pão de Açúcar / Clube de Atletismo BM&F. Os oito atletas já ganharam R$ 10 mil pela classificação aos Jogos.
O sucesso dos esportes apoiados pelo Pão de Açúcar reflete a filosofia adotada pelo Grupo, que patrocina todos os atletas da delegação de triatlo do Brasil, mais Vanderlei Cordeiro e Hudson de Souza. João Paulo Diniz, membro do Conselho de Administração do Grupo Pão de Açúcar, que há 15 anos se dedica ao esporte e trouxe o projeto do triatlo olímpico para a empresa, acredita em um bom desempenho desses atletas na Grécia. Apostamos em uma boa performance como resultado de todo esforço realizado nos últimos anos e, sobretudo, a qualidade técnica resultante desse trabalho, que cresce a cada nova competição, conferindo aos nossos atletas chances de boas apresentações em Atenas.
RAIO-X
Nome Sandra Soldan
Apelido Meus pais me chamavam de Doca, mas eu não gostava. O Neném me chama de Sandroca
Peso / Altura 55 kg / 1,65 m
Nascimento No Rio de Janeiro, em 27 de dezembro de 1973
Patrocínio Pão de Açúcar, Brasil Telecom e Reebok
Técnico - Carlos Eugênio, o Neném, há 9 anos
Começou em como nadadora, aos 6 anos; como triatleta, em 1995
Melhor momento Foram dois: o casamento e a Olimpíada de Sydney, em 2000
Pior momento - No Fast Triathlon (Santos) de 2002, eu liderava a prova, mas durante o ciclismo derrapei na pista molhada e perdi a prova no último retorno
Sonho Ter filhos e fazer minha pós-graduação em Medicina. São sonhos bem próximos da realidade, nada alto demais, para não me frustrar depois
Decepção só com relação ao caráter de algumas pessoas
Se não fosse triatleta seria médica, especializada em Medicina Esportiva
Outros esportes de que gosta Pizzabol e cinemabol (diz brincando). Eu curto o atleta, o ídolo. Por isso, acompanho ginástica olímpica, natação sincronizada, atletismo e muitos outros.
Filme Rio Selvagem. Depois dele, o Neném me pediu em namoro
Livro Vários, quase todos de auto-ajuda
Comida Pizza de rúcula com tomate seco
Bebida Coca light e suco de mamão com laranja
Família É a minha estrutura, são minhas raízes, minha base
Amigos são poucos, mas para sempre. O resto é colega, companheiro. Reconheço de primeira
Principais resultados na carreira Bicampeã brasileira (98/00), bicampeã sul-americana (97/98), duas vezes medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos (98/02), campeã mundial de Aquathlon (Cancun, 2002); campeã do Triathlon Internacional de Santos (2003), bicampeã do Fast Triathlon (Santos, 01/04) e 11º lugar na Olimpíada de Sydney (2000)
Resultado mais marcante a Olimpíada
Ídolos tem de ser bom no esporte e no caráter. Tem de ser humilde, de alto astral. Guga e Oscar são grandes exemplos. Também gosto do Lance Armstrong.
Mais informações sobre os atletas patrocinados pelo Pão de Açúcar no site www.paclub.com.br
DB Press Sergio du Bocage (bocage@dbpress.com.br)
ZDL Marcelo Eduardo Braga Mtb 18324