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MIYASIRO ENCARA O DESAFIO OLÍMPICO PELA PRIMEIRA VEZ

29.07.2004  |    169 visualizações TERCEIROSETOR

Triatleta santista é o único novato na equipe que representará o país em Atenas

São Paulo - Depois da estréia em Sydney 2000, o triatlo vai para sua segunda disputa olímpica na Grécia com a expectativa de grande equilíbrio, pois reunirá os melhores do ranking mundial. O Brasil terá seis atletas, sendo três homens e três mulheres, ou seja, equipe completa, juntamente com outros cinco países. Do grupo formado por Carla Moreno (Pão de Açúcar/Nike/Unimonte), Mariana Ohata (Pão de Açúcar/Brasil Telecom), Sandra Soldan (Pão de Açúcar/Brasil Telecom/Reebok), Leandro Macedo (Pão de Açúcar), Juraci Moreira (Pão de Açúcar/Brasil Telecom) e Paulo Miyasiro (Pão de Açúcar/ Unimonte), apenas o último é novato.

Aos 28 anos, o santista Shiro garantiu a presença em Atenas após colocar-se entre os 50 melhores do ranking na última seletiva olímpica, no Mundial de Portugal deste ano. Com o 13º lugar, ele, que disputa o circuito mundial há três anos, foi o melhor latino-americano e ajudou o país a confirmar três atletas também no masculino. Shiro embarca para a pré-temporada em Portugal neste domingo, juntamente com Sandra Soldan. Os demais atletas viajam no dia 8 de agosto

Ele começou sua carreira esportiva na natação, aos seis anos. Essa base garantiu a Paulo Miyasiro excelentes performances, sendo apontado como um dos melhores da modalidade do circuito. A entrada no triatlo aconteceu em 95, conseguindo de cara o título brasileiro júnior, ratificando sua condição de grande revelação do esporte.

Na temporada 2002, ele decidiu se dedicar somente às provas do circuito mundial, tendo como objetivo disputar os Jogos Pan-Americanos de Santo Domingo, em 2003, e conseguir uma vaga para Atenas. Shiro atingiu essas metas, terminando em sexto no Pan e garantindo a vaga olímpica na última seletiva.

Neto de japoneses, o triatleta é calmo, tranqüilo, características herdadas da descendência oriental. É formado em Direito, mas antes de advogar, o triatlo falou mais forte. É treinado pelo técnico Marcos Paulo Reis e auxiliado pelo amigo e ex-triatleta Emerson Gomes. Já na natação, onde é um dos mais velozes do circuito mundial, recebe treinamento do coordenador do CT Monte Serrat e Academia Unimonte, José Renato Borges, o Mosquito, que já disputou seis vezes o Ironman do Havaí.

Bate-Bola *

Ser o único estreante do grupo significa algo para você?
Paulo - Significa que é renovação, o que sempre tem de ter numa equipe. Esse ano só eu sou novato. Vou no lugar do Armando Barcellos. Apesar de a Olimpíada ser uma prova diferente, especial, acho que não muda muita coisa, porque já corro o circuito mundial ao lado de todos que estarão em Atenas.

Você chegou a falar com alguém sobre como é estar numa Olimpíada?
Paulo - Converso mais com o Leandro. Ele sempre dá uns toques sobre treino. Não conversei especificamente sobre Jogos Olímpicos. No Pan de 2003 foi bem legal, diferente. Já deu para sentir o clima, ficando na Vila. Olimpíada, então, imagino que seja uma coisa muito maior. Vai ser fantástico.

Como serão a emoção e o nervosismo na hora da prova?
Paulo - Não fico muito nervoso em prova... Vamos ver como vai ser na Olimpíada. Pode ser que seja diferente do Mundial. Mas vai ser emocionante, sim. O mundo todo vendo, o pessoal daqui torcendo. A prova vai ser ao vivo. Tem de pensar em fazer o meu melhor no dia.

Isso significa um lugar no pódio?
Paulo - Com certeza. Eu me classifiquei, foi duro. Agora, o objetivo é a medalha. Se deixarem, vou beliscar.

Com a experiência de três anos no circuito mundial dá para acreditar em chances reais de medalha?
Paulo - Medalha é difícil para todos. Mas é o que eu falo. Triatlo hoje em dia não tem muito favorito. Qualquer um pode vencer. Medalha então, são vários que têm chance. Não dá para destacar os favoritos. Quem está indo, vai estar bem, vai ter chance. Então por que não acreditar em medalha?

O que vai definir a vitória em Atenas?
Paulo - O ciclismo vai ser bem determinante, com um percurso bem duro e técnico. Mas com certeza o que define é a corrida. O ciclismo vai ser seletivo. Quem não estiver pedalando bem vai sair para correr com as pernas bem cansadas.

E como você está nesse quesito?
Paulo - Treinei bem o ciclismo, principalmente as subidas. Ultimamente estou sempre no pelotão da frente. Estou treinando bastante, bem forte. Estou na época pesada de novo, depois de uma pequena base.

Se ganhar a medalha, tem alguém especial a quem vai dedicar?
Paulo - São várias pessoas, principalmente a galera de Santos, que sempre esteve do meu lado, me ajudando, incentivando até hoje. Mas vai principalmente para duas pessoas que já estão ‘lá em cima’. O meu avô, o Mata Vaca (João de Abreu Faria), que faleceu no final de junho, e minha avó, Matsue, que sempre estava nas provas junto comigo. Os dois sempre estiveram ali. Meu avô, inclusive, era staff das provas do Núbio de Almeida. Adorava. Minha avó também. Ela podia estar mal, saia do hospital para ir ver e depois voltava a ser internada.

Como foi para chegar a Atenas?
Paulo - Bastante duro. Igual ao Pan, quando fui para a Guatemala. E a seletiva olímpica não foi diferente, foi na última prova, no Mundial, que era a mais importante, e deu tudo certo. Estava muito concentrado. Sabia que era tudo ou nada. Na minha cabeça só estava a vaga, todo o esforço que já tinha feito. Acho que tudo o que tracei e todos os meus objetivos até agora deram certo. Só tenho de agradecer. Essa vaga foi bem dura porque eram quatro brasileiros com chances e um da equipe saiu. Justamente foi o Virgílio (de Castilho), que é muito amigo meu, desde o começo do triatlo e tem a minha família como sendo a dele também.

Olimpíada é o sonho de qualquer esportista. Quando começou a amadurecer a chance real de estar em Atenas?
Paulo - Quando comecei, pensava só em fazer triatlo. Naquela época o esporte estava querendo entrar numa Olimpíada. Daí, quando fui excluído em Sydney, em 2000, eu disse que tinha de estar na próxima. Praticamente naquele ano comecei a treinar sério e objetivei esse sonho. Foram etapas que eu fui passando, pulando, até conseguir patrocínio para correr o circuito. Foram três anos de batalha, buscando o sonho. Claro que, desde criança, quando fazia natação, sonhava em estar numa Olimpíada. Qual é o atleta que não almeja isso? E me sinto realizado com esse objetivo alcançado.

Já pensou o que vai fazer depois de Atenas? O que vai mudar?
Paulo - Sei que depois dos Jogos vou querer umas férias, porque esses anos foram bem duros, mental e fisicamente. Ainda vou ver como vou voltar de Atenas. Se chegar com a medalha, sei que muita coisa vai mudar, mas só de ir é um sonho pessoal realizado, bem antigo, que não tem dinheiro que pague.

RAIO X

DATA DE NASCIMENTO – 07/06/1976
COMIDA PREFERIDA – Nada de especial, mas gosto de comida japonesa. Não gostava antes.
BEBIDA – Sucos
SE NÃO FOSSE TRIATLETA – Adorava jogar futebol, mas não tinha talento.
LAZER – Adoro jogar futebol, brincar, mas não tenho tempo. Acho que não jogo há dois anos. Passando a Olimpíada vou jogar um pouquinho. Tem também o videogame.
OUTROS ESPORTES ALÉM DO TRIATLO - Acho que gosto de todos. Não tem um especial. Judô, ciclismo, atletismo, natação, principalmente os que estive envolvido.
ÍDOLO NO ESPORTE – Adoro quando um brasileiro se destaca num Mundial, Olimpíada. Gosto muito do Joaquim Cruz, pelo jeito dele dentro e fora do esporte; o Ayrton Senna marcou muito também.
ÍDOLO NA VIDA – Minha mãe (Elisabeth), que sempre me ajudou muito e está comigo até hoje.
FAMÍLIA – É tudo. Não só a de casa, mas meus tios, primos. A família é bem unida e todos sempre estiveram me apoiando. É sempre uma grande festa em casa.
UM SONHO – Medalha olímpica. Era uma Olimpíada. Agora é a medalha.
UMA DECEPÇÃO – Até hoje, não tive. Tudo o que acontece tem um motivo e são provações que temos na vida.

Mais informações sobre os atletas patrocinados pela Pão de Açúcar no site www.paclub.com.br

* Colaboração da FMA Notícias

Marcelo Eduardo Braga – Mtb 18324 – (11) 3285-5911
E-mail: mbraga@zdl.com.br Home page: www.zdl.com.br
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