Rio de Janeiro (RJ) - Os velejadores brasileiros que disputam o Match Race Brasil 2012 estão com as antenas ligadas no que está rolando em Dublin, na Irlanda. As regatas desta sexta-feira (9) só começaram às 16h30 por falta de vento e, nas dependências do Iate Clube do Rio de Janeiro (ICRJ), o assunto foi a reunião da ISAF (Federação Internacional de Vela). A Conferência Anual da modalidade tem entre as pautas a volta das classes Star, Match Race Feminino e Windsurf à Olimpíada, excluídas do calendário dos Jogos Rio-2016. A decisão política na Europa afeta diretamente os atletas do País, já que muitos ainda não sabem em qual categoria farão campanha olímpica. No encontro será escolhido também o novo presidente da entidade.
"Essas mudanças ocorrem com frequência, preocupando velejadores e confederações, inclusive os brasileiros. Não temos certeza dos equipamentos que serão usados no Rio de Janeiro faltando três anos para o início da Olimpíada. Há pouco tempo para preparar os materiais, treinar velejadores e se adaptar", revelou o juiz internacional Nelson Ilha, que é árbitro chefe no Match Race Brasil.
Para o especialista, representantes das categorias que foram excluídas agem de formas distintas para tentar voltar ao calendário. "O pessoal da Star não fez pressão e a pauta não deverá ser discutida no conselho. Creio que os staristas irão procurar um outro caminho. O caso do Windsurf, por exemplo, deverá ser solucionado com a permanência da prancha. A ideia da ISAF é colocar wind e kite juntos e as medalhas serão dadas à melhores equipes, que somarão pontos em conjunto. No Match Race, o conselho precisa aceitar reabrir a discussão até o final da reunião, neste domingo (11). Porém, não há vontade política", contou Nelson Ilha, que já participou de cinco olimpíadas e é um dos brasileiros mais influentes na entidade.
A situação Star, por exemplo, segue indefinida. A categoria que mais deu medalhas ao País em Olimpíada, com seis pódios, ainda corre o risco de ficar de fora. A última medalha veio em Londres/2012 com Robert Scheidt e Bruno Prada. Torben Grael, um dos maiores velejadores do mundo e dono de cinco medalhas olímpicas, sendo duas de ouro, acredita que a definição da volta ou não da Star será dada após a escolha do novo presidente da ISAF. "Ainda é cedo para falar. Acredito que será preciso definir o presidente para saber os rumos da Star. No caso do kitesurf, entendo ser difícil misturar duas disciplinas numa só", analisou Torben Grael. Três candidatos são postulantes neste sábado (10) ao cargo de presidente, que está nas mãos do sueco Göran Petersson.
Para a medalhista olímpica Isabel Swan, esse impasse atrapalha o planejamento da vela brasileira, que correrá em casa em 2016. "A decisão deve levar em conta o bem estar do velejador. Os representantes levam informações à ISAF dos prós e contras de cada classe. Espero que o Match Race Feminino volte ao calendário. Não houve tempo de preparação para o ciclo anterior e o Brasil fez investimentos significativos. No caso do kite, é uma modalidade nova para a comissão de regatas e muita coisa ainda é difícil de entender", disse a medalhista olímpica em Pequim/2008.
No cenário atual, as classes em 2016 são essas: kitesurfe (feminino e masculino), Laser, Laser Radial, Finn, 49er (masculino) e 49erFX (feminino), 470 (masculino e feminino) e Nacra 17.
Atletas já fazem campanha - De olho nos Jogos do Rio de Janeiro, os velejadores que competem no Match Race Brasil já anunciaram que estão se preparando para correr em casa. Algumas duplas já estão definidas, como Renata Decnop/Isabel Swan e Fernanda Oliveira/Ana Barbachan no 470. No masculino do 470, Samuel Albrecht/Fábio Pillar e Geison Mendes/Gustavo Thiesen já confirmaram que estarão nas eliminatórias.
Marco Grael, filho de Torben, será parceiro de Gabriel Borges no 49er. Na mesma classe, Thomas Low-Beer/Dante Bianchi e Maurício Santa Cruz/Tomas Mangabeira querem uma vaga. Integrantes da nova geração como Henrique Haddad (470), Martine Grael (49erFX), Kahena Kunze (49erFX), Fernanda Decnop (Laser), Juliana Senfft (49erFX), Gabriela Sá (49erFX), Mônica Matschinske (Laser), Tatiana Ribeiro (Laser) e outros atletas tentarão participar do evento na Baía de Guanabara em 2016.
"Muitos velejadores usam o Match Race Brasil como treino para suas classes olímpicas. Em muitos momentos de decisão usamos o recurso da modalidade, que ajuda na parte tática", contou Isabel Swan, que agora está ao lado de Renata Decnop. "Tem quatro anos pela frente e estou preparada para mais uma campanha. Muita água vai rolar".
Ana Barbachan, que fez proa para Fernanda Oliveira em Londres/2012 na 470, está gostando de correr o Match Race Brasil com a equipe do Veleiros do Sul. "É sempre bom competir na raia olímpica e velejar em outros barcos. Recentemente corri de HPE e agora com o Beneteau First 40.7. Velejar ao lado dos homens ajuda muito na nossa evolução".
Ainda esperando a volta do Match Race Feminino para a Olimpíada, Larissa Juk garante que estará na disputa por uma vaga em 2016: ela só não sabe a classe. A atleta fez campanha no ciclo passado. "Essa saída foi ruim pra gente. Pegamos os barcos faltando menos de dois anos para Olimpíada e não conseguimos a vaga. Mas, se a categoria voltasse, estaríamos em melhores condições e bem preparadas. Se não der, eu vou experimentar outras classes".
O Match Race - As regatas são rápidas, com duração máxima de 20 minutos, e disputadas entre boias. No caso do Match Race Brasil, os veleiros escolhidos são do modelo Beneteau First 40.7, rigorosamente iguais para as tripulações (7 homens e 1 mulher ou 10 mulheres), que precisam mostrar talento e muito entrosamento para superar os adversários. O time que larga melhor tem enorme vantagem e, por isso, o procedimento inicial é um dos mais tensos do Match Race.
A inspiração do Match Race veio do evento de vela mais tradicional do mundo, a America´s Cup, com mais de 150 anos de existência. Feras já testaram seus conhecimentos na modalidade, como Torben Grael, Robert Scheidt, Eduardo Penido, Marcos Soares, Lars Grael, Bruno Prada, André ´Bochecha´ Fonseca, Joca Signorini, Horácio Carabelli, Fernanda Oliveira e Isabel Swan. Em 2012, nos Jogos de Londres, a modalidade fez parte do calendário.
O Match Race Brasil 2012 tem patrocínio da Volvo, Takeda, Autodesk e SporTV. Esse projeto é incentivado pela Lei Federal de Incentivo ao Esporte e pela Lei de Incentivo ao Esporte do Estado do Rio de Janeiro/ICMS. O apoio é da Redecard, Ambev, Banco Daycoval, TAM Viagens, Iate Clube do Rio de Janeiro, Confederação Brasileira de Vela e Motor e Marinha do Brasil. A Realização é da Federação de Vela do Estado do Rio de Janeiro e organização da IMX.
Vídeos - Os velejadores e organizadores do Match Race Brasil contam um pouco da história do evento nos depoimentos postados no You Tube. Assista e baixe os vídeos das entrevistas da edição 2012 nos links abaixo:
Torben Grael e a reunião da ISAF
Isabel Swan fala das classes olímpicas
Ana Barbachan aprova o Match Race
Nelson Ilha explica a reunião da ISAF
Maurício Santa Cruz no Yacht Club de Ilhabela
Walter Boedner, treinador de medalhista olímpicos
Edu Penido e a parte técnica do Match Race
Henrique Haddad, o atual campeão
Pedro Paulo fala da arbitragem no Match Race
Atenção : Mais tarde seguem matéria e fotos das regatas desta sexta-feira no Match Race Brasil. Outras informações no site oficial www.matchracebrasil.com.br
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